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Tem uma hora da vida em que tudo na gente quer ir, ir embora e ver o mundo, e buscar respostas em outras esquinas, em outros sotaques. Mas basta um tempo fora, pra entender que o que parecia pequeno, era só familiar, o que parecia repetido, era só nossas raízes nos sustentando. A gente acha que nasceu pra ir mais longe e eu concordo, mas do que adianta ir embora, trilhar o caminho dos sonhos que a vida promete, se uma tarde qualquer de um domingo, eu desejar minha mãe sentada ao meu lado em silêncio, fazendo qualquer coisa, existindo no seu endereço de sempre? E aí a gente começa a sentir falta das coisas mais bestas, do pastel de uma praça, do jeito que o sol bate no vidro da frente quando se caminha, rumo ao pôr do sol. A gente sempre vai, mas a Cidade sempre vai junto, quietinha, no fundo do bolso. E um dia, no meio de uma rua que ninguém sabe pronunciar o nome, você sente um cheiro qualquer e pensa: Eu queria estar na minha Cidade agora. Talvez seja isso que a gente chama de casa. Eu cresci vendo a minha mãe mudando os móveis de lugar, sempre tinha o momento, daquela faxina master blaster, em que ela começava a mudar a disposição de tudo, ela dizia que fazia bem e eu não entendi o porquê mudar os móveis de lugar, mudar o lugar das coisas podia fazer bem. Mas hoje eu acho que eu entendo. Eu sempre estou pensando em um novo lugar para as minhas coisas e quando eu dou por mim, eu já estou no meu dia master blaster de organização de coisas e realmente me faz bem, não só porque fazer uma boa faxina, faz bem, mas também porque eu me coloco pra pensar em quem eu sou naquele momento e o que eu quero fazer com esse ambiente. Qual vai ser o cenário da vez, o que ainda tem a minha cara e o que já não tem mais, o que eu tenho que trazer, o que eu tenho que jogar fora. Mas no fim, todas as mudanças parecem ter o mesmo propósito, que é caber a pessoa que eu sou agora, transformar o ambiente ao lugar em que eu passo a maior parte do meu tempo, num lugar confortável pra mim, pra essa que eu sou hoje e aí se amanhã eu já não me sentir mais tão confortável aqui eu mudo tudo de novo e vou transformando o ambiente conforme eu me transformo.

— .(Escrito dia 10/04/2025, às 09:07).




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