Com o tempo a gente para de correr atrás daquilo que brilha e começa a se encantar com o que acalma. O que antes parecia sem graça, o cheiro do café passado na hora, a toalha limpa dobrada no armário, o canto do seu pet todo feliz quando você chega em casa, o banho quente no fim do dia, um abraço afetuoso, o cobertor preferido esperando no sofá. Todas essas coisas, ganham um valor que a gente não sabia dar. É como se a alma dissesse: É isso! Era isso o tempo todo, já não é sobre euforia, é sobre paz e simplicidade, sobre não precisar fugir do domingo, nem implorar pra que alguém fique. É sobre a mesa posta com carinho, o bolo no forno que lembra a casa da sua avó, a luz entrando pela janela em silêncio e a sensação de estar exatamente onde deveria. A gente deixa de se impressionar com gente que chega fazendo barulho e começa a admirar quem fica em silêncio e faz bem. A casa arrumada vira sÃmbolo de ordem interna, a rotina deixa de ser prisão e virá refúgio. O voltar pra casa, deixa de ser o fim e passa a ser o recomeço de tudo que tem valor, porque não tem nada mais sagrado do que uma manhã sem pressa, onde você escuta sua própria respiração e sente que está viva, inteira, presente. É nesse instante em que o mundo lá fora grita, mas você escolhe o silêncio do lado de dentro, que tudo muda. Você começa a entender porque a sua mãe valorizava tanto a toalha estendida, a cama feita, o cheiro de limpeza do banheiro, porque o seu pai acordava cedo só para tomar um café com calma, porque a sua avó fazia questão do bolo no sábado. Era amor em forma de rotina, era presença disfarçada de detalhe. O mundo ensina a desejar demais, mas é a alma que nos lembra do que é essencial, e quando isso acontece, nada mais nos satisfaz como antes. Porque agora você não quer mais aquela agitação, você quer aconchego, você quer verdade, você quer significado. Então que a sua vida seja feita de menos excessos e mais de presenças que aquecem a alma.
— .(Escrito dia 06/07/2025, às 16:50).