Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem a sensa��o de que sempre esteve aqui, quando eu sei que n�o estava. Conta por que nada do que diz sobre voc� me parece novidade, como se eu estivesse l�, nos lugares que relembra, quando eu sei que n�o estive. Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. Onde nasce a facilidade para ouvir a m�sica de cada um dos seus sorrisos. Onde nasce essa compreens�o das coisas que revela quando cala. Conta de onde vem a intui��o da sua exist�ncia tanto tempo antes de nos encontrarmos.

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem o sentimento de que a sua hist�ria, absolutamente nova, � como um livro que releio aos poucos e, ao longo das p�ginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensa��o de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. De que ouvimos muito al�m do que dizemos. De que as palavras, �s vezes, s�o at� desnecess�rias. Conta de onde vem essa vontade que parece t�o antiga de que os p�ssaros cantem perto da sua janela quando cada manh� acorda. De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz.

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem essa repentina admira��o t�o perene. De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. Conta por que tudo o que � precioso no seu mundo me parece que j� era tamb�m no meu. De onde vem esse bem-querer assim t�o f�cil, assim t�o fluido, assim t�o puro. Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguir�o pr�ximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar.

Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem � tona.