Sem que se soubesse explicar o porqu�, o dia amanheceu ensolarado. P�ssaros agitados num c�u azul cristalino, descaradamente iluminado. E a janela do meu quarto, escancarada, a tudo assistia, e concedia, e permitia... Como se quisesse mostrar que o amanhecer desconhece minhas verdades e malcriadamente, desobedece minhas vontades.
Uma suave brisa a invadir o quarto, um cheiro agrad�vel, familiar e at� certo ponto nost�lgico. Um caf� rec�m passado a afugentar a pregui�a, testemunha evidente de uma noite mal dormida, assombrada pela ins�nia, companheira de tantos e tantos anos.
Lavar o rosto, escovar os dentes, um banho at� que cai bem! Caminhar um pouco, dar uma volta no Horto, admirar as plantas, algumas pregui�osas, outras exuberantes. Quem sabe eu aprenda um pouco? Quem sabe eu amanhe�a tamb�m? Quem sabe num passe de m�gica, voltar a ter sete, oito anos e a minha inoc�ncia de volta. Pois trilhar tudo de novo � coisa que n�o me assusta e certamente eu faria de outro jeito, para que a dor que hoje me habita insistente, n�o se fizesse mais presente. E � claro! Seriam novas escolhas, caminhos diferentes.
T�o bom se houvesse esse novo dia, e eu pudesse reinventar a alegria, e n�o ser mais um poeta! Poderia, ent�o, ser um pintor de muitos matizes, de belas e iluminadas imagens, que nos mostrassem que um novo dia � a mais concreta garantia de que o novo � sempre um bom presente... Basta saber desembrulhar.
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